Nos moinhos da imaginação
por Daniela Bunn (UFSC)
(Doutora em Literatura)
Moro em moinhos desde que nasci, há 12
anos. Moinhos é um lugar quieto durante a semana e movimentado aos
sábados e domingos por causa da visita das pessoas, de perto ou de longe, que
vêm conhecer o moinho d´água, perto do rio, e o moinho de vento do alto do
morro. (BOCHECO, 2011, p. 7)
Dois
velhos moinhos contam suas histórias. Com eles, a história de seus moradores e de
suas lendas populares. Ao bordar palavras, nesta narrativa que roda feito
moinho, Eloí Bocheco, mais uma vez, nos emociona ao falar de amor, de sonhos,
de relações familiares que ganham mais vida com as ilustrações de Pedro Zenival.
Os moinhos, o de vento e o d´água, além de serem os grandes pontos de
referência da cidade, servem também de palco para histórias de fantasmas,
causos de assombração, namoros, brincadeiras de crianças.
Leonardo, narrador em primeira pessoa , conta sua história, sua relação com a mãe, doceira, que sonhara em ser aeromoça; com o pai, que “é do tipo que gosta de casar um monte de vezes”; com a vizinha, escritora, e com seu primeiro amor, Natália. O livro fala de relações desfeitas, partidas e reencontros. Os personagens da cidade são bem descritos e caricaturados por Leo. O livro é permeado de cultura, referências literárias, filosóficas e saberes populares. Doces misturam-se com os versos de Camões, de Fernando Pessoa, de Virgilio, de Tomás Antônio de Gonzaga e encontram-se ainda com Rubem Braga, Elisa Lucinda, Manuel Bandeira, Adélia Prado.
Belas imagens são descritas, como: “soltar a alma pra brincar”, “cultivar palavras em canteiros”, “lugares transbordando histórias vividas”, “guardião de memórias”, “morrer de amor”, expressões que fazem nossa imaginação girar como um moinho. Os ensinamentos da mãe, na cozinha, servem também para a vida, como pergunta Leo, afinal, “A vida é como um docinho coberto de glacê que a gente não sabe o que tem no miolo?” (BOCHECO, 2011, p. 14).
No fim do livro, Bocheco ainda nos presenteia com um belo desfecho cheio de palavras bordadas de sabedoria, rios que correm dentro das histórias e campos de amoras laçadas.
Leonardo, narrador em primeira pessoa , conta sua história, sua relação com a mãe, doceira, que sonhara em ser aeromoça; com o pai, que “é do tipo que gosta de casar um monte de vezes”; com a vizinha, escritora, e com seu primeiro amor, Natália. O livro fala de relações desfeitas, partidas e reencontros. Os personagens da cidade são bem descritos e caricaturados por Leo. O livro é permeado de cultura, referências literárias, filosóficas e saberes populares. Doces misturam-se com os versos de Camões, de Fernando Pessoa, de Virgilio, de Tomás Antônio de Gonzaga e encontram-se ainda com Rubem Braga, Elisa Lucinda, Manuel Bandeira, Adélia Prado.
Belas imagens são descritas, como: “soltar a alma pra brincar”, “cultivar palavras em canteiros”, “lugares transbordando histórias vividas”, “guardião de memórias”, “morrer de amor”, expressões que fazem nossa imaginação girar como um moinho. Os ensinamentos da mãe, na cozinha, servem também para a vida, como pergunta Leo, afinal, “A vida é como um docinho coberto de glacê que a gente não sabe o que tem no miolo?” (BOCHECO, 2011, p. 14).
No fim do livro, Bocheco ainda nos presenteia com um belo desfecho cheio de palavras bordadas de sabedoria, rios que correm dentro das histórias e campos de amoras laçadas.
Borda-me o destino em qualquer pano.
(BOCHECO, 2011, p. 64)
Referências
BOCHECO, Eloí. Roda Moinho. Ils. Pedro Zenival. Recife: Cepe, 2011. 68 p.
RODA MOINHO, em e-book, na Amazon:
http://www.amazon.com.br/Roda-Moinho-Elo%C3%AD-Bocheco-ebook/dp/B014A59M7C/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1442496547&sr=1-1&keywords=Roda+Moinho
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