Para formular a matéria, a jornalista me enviou uma pequena entrevista, que transcrevo abaixo. Ela contou que leu o livro com seu filho de 9 anos e os dois curtiram muito o passeio pela Âmbar. Adorei saber que meu livro caiu nas mãos de uma jornalista, grande leitora, e mãe-leitora.
Edinara -
De onde e quando surgiu a inspiração para a história do Miro e suas criações?
Eloí - Certa vez, vi uma matéria na tv sobre um menino que fazia miniaturas de
latinhas recicláveis. O menino era encantador e suas criações eram perfeitas.
Nunca mais esqueci a cena do garoto
fabricando minúsculos objetos,
todos irretocáveis. De um certo modo, Miro – Valdomiro Silveira – personagem de
Rua Âmbar, surgiu dessa lembrança que ficou gravada na memória. Inventar o personagem foi o primeiro passo. Depois, Miro
toma posse da história e puxa o carro da fantasia, dando voz lírica às miniaturas que inventa, ou explorando os
recantos mágicos de sua rua de infância.
Edinara -
Rua Âmbar tem uma mistura de vários elementos que encantam crianças (e adultos):
miniaturas, mar, casas mal assombradas, bichos falantes, perda... Foi
proposital essa junção?
Eloí - Não foi planejado, mas acabou acontecendo de
se juntarem no mesmo movimento coisas que me encantam, como miniaturas de
objetos, casas mal assombradas, bichos que falam nas histórias, ruas da
infância, o mar da costa esmeralda de
SC. A dor da perda é um sentimento que me toca muito. É
um tema tão humano e inevitável. Em Rua Âmbar e em outros livros que escrevi (
Tua Mão na Minha, Beatriz em Trânsito, Casa de Consertos) acontecem perdas e os
personagens têm que lidar com elas como podem. No caso de Miro, a fantasia o auxilia na acomodação da dor para a vida
brotar de novo e prosseguir, apesar do sofrimento causado pela perda do pai.
Edinara - Apesar
de se tratar de uma ficção, você usou uma localidade real de Santa Catarina. Há
algum motivo em especial, além do fato de estar na cidade onde mora?
A Rua Âmbar existe, sim, mas não da forma descrita no livro. É uma rua do mundo real, mas, reeencantada, digamos assim. Passada pelo sonho, pela imaginação e apresentada em “outro estado” - não mais no “estado” de todos os dias.
Donde se
conclui que, doravante, a Rua Âmbar, em Mariscal, tem duas vidas: uma real e
outra de sonho. “O que é de verdade, para ter graça, tem de ser sonhado” –
dissera a Miro a moça da casa creme, P.6
Edinara - Como surgiu a parceria com a ilustradora Márcia Cardeal? Já haviam trabalhado juntas antes?
Eloí - Há muito tempo eu acalentava o sonho de fazer um trabalho com Márcia Cardeal e a oportunidade chegou quando a editora Saraiva/Formato me pediu a indicação de um ilustrador de Santa Catarina para ilustrar Rua Âmbar. Indiquei vivamente o nome de Marcia Cardeal e, para minha alegria, a indicação foi aceita.
Márcia veio em minha casa ( uma honra enorme) para
conversarmos sobre as ilustrações e
fomos a Mariscal fotografar o cenário da obra. Uma visita emocionante, mágica e
inesquecível, que marcou para sempre a história deste livro.
A parceria
com Márcia Cardeal foi maravilhosa e o
resultado pode ser conferido
“passeando” pela Rua Âmbar ( a de sonho).
São bruxas em contextos diferentes. Ambas no pleno exercício de suas bruxidades. A bruxinha Elisa é uma bruxa-menina, bruxa-criança, moradora da mata funda. A bruxa da costa esmeralda é uma bruxa do mar – diferente, em alguns pontos, das bruxas ditas “normais” ou tradicionais. É uma bruxa “misturada” – com o bem e o mal tramando nas entranhas. Sua passagem pela Âmbar é rápida, contudo, ajudou a compor o movimento na casa assombrada e deixou Miro bastante impressionado, por já tê-la visto num livro antigo sobre bruxas da costa esmeralda.
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